sexta-feira, 30 de março de 2007

Comodismos fatais nas metrópoles

Todos os dias vou para o trabalho de carro.

Nas metrópoles, como a de Lisboa, é comum verem-se pessoas apenas e só na companhia do seu auto-rádio, a sós, nos seus carros.

Por vezes quando estou próximo do meu destino, na derradeira paragem obrigatória antes de chegar, aceno para carros ao meu lado. É muito frequente cruzar-me com outros colegas, que como eu, viajam sozinhos a caminho do mesmo local.

Hoje num sinal, um pouco mais atrás do local em que normalmente me cruzo com os colegas que raramente vejo ao longo de um dia de trabalho, encontrei inesperadamente um. Acenou-me e eu sorri, como é normal, ainda trocámos uma palavra enquanto abríamos o vidro. Logo depois e na minha retaguarda, reparo numa rapariga que acena pelo retrovisor para outro carro parado atrás de si.

A visão dos carros que entopem a cidade, como o meu, veio-me à cabeça. Tanta gente que percorre os mesmos caminhos e desagua nos mesmos destinos. Tanta gente que prefere a viagem solitária à partilha do seu espaço.

E eu, afinal, igual a tantos outros!

9 comentários:

Maríita disse...

mas nessas viagens solitárias, tens os teus pensamentos, a tua música e ganhas forças para depois dividires o teu tempo entre colegas, chefes e clientes.

Beijocas

P.S. - É mesmo sexy!

Capitão-Mor disse...

Já pensaste em fazer uma cooperativa de vizinhos para viagens rumo ao centro? :)
Cada vez mais sou apologista dos transportes públicos. E acredito que teremos que apostar rapidamente nos biocombustíveis, senão caminhamos a largos passos para uma hecatombe ecológica.
Bom fim de semana!

CaCo disse...

O carro conduz-nos e, também, conduz algumas das nossas ilusões. É no carro, sobretudo de manhã, que me ocorrem os melhores pensamentos. Provavelmente também os piores. Não viajo sozinha. Viajo comigo, que é sempre uma coisa boa. LOL

È verdade que nos habituamos ao automóvel, ao conforto de sair de casa sem pensar que temos de correr para não perder o autocarro, o comboio... Mas também é verdade que não conhecemos o vizinho que mora ao nosso lado. Como vamos partilhar com ele uma viagem se nem sabemos, muitas vezes, o seu nome? Vivemos cada vez mais isolados, e cada vez mais somos um povo muito pouco sociável. Sorrimos ao estrangeiro, até somos solidários com o desgraçadinho, mas do nosso vizinho... nem o nome...

Paula disse...

Eu estou totalmente de acordo com a última frase da Caco! Para teres uma ideia, conheço os carros de todos os meus vizinhos, até sou mulher para os cumprimentar quando nos cruzamos, mas não sei sequer o nome deles! E há alguns que se os vir fora do carro, não reconheço! E olha que, como sabes, eu não vivo em nenhuma grande cidade!

Beijo e bom fds!

Sofia disse...

Uso o metrô diariamente e me farto de rir com as cenas do transporte público ( apesar da falta de conforto ). Tenho cada história para contar ...
Talvez não me adaptasse a essas viagens solitárias.
Abraços e boa semana.

Anónimo disse...

Deviam ser criadas condições, tal como noutros países da Europa, lembro-me do Luxemburgo, por exemplo, para podermos deixar o carro "às portas" da cidade e percorrer o resto do percurso de transportes públicos. Isto, claro, se fosse uma cadeia bem organizada, podia até ficar bem mais barato do que andar a gasóleo... Pouparíamos em dinheiro, em ambiente e em saúde (sim, porque o trânsito interminável esgota qualquer um). Enfim, tanta coisa poderia ser feita se as pessoas não se preocupassem SÓ com o protagonismo e o ordenado no final do mês...

Beijos

P.S. Já tinha saudades de comentar. Desculpa a minha ausência Lois!

LoiS disse...

Bem vinda Ritó, sentia a tua falta aqui.

Marie:

Sexy e lindo, perfeito!
Bjs

Capitão:

Comodismos e sim, além dos combustíveis ecológicos deveriamos apostar em boas infraestruturas para aparcar carros, com rede exemplar de transportes !
Bjs

Caco:

Bons olhos te vejam e que a vida te sorria, teu nome é ?
Bjs

Paula:

Não vives numa grande cidade! claro, tu bibes no istraunjeiro?
Bjs

Sofia:

Gostava de saber mais hehehehe
Bjs

Prof disse...

E ainda assim tão diferente...
Beijos!

Sandra Neves disse...

Isso é verdade... é o comodismo dos dias de hoje. Terem de se deslocar de manhã para ir ter com um colega ou estar dependente dos horários de outra pessoa é um stress hoje em dia, ninguém tem paciência para nada.
Por isso, entope-se a cidade, gasta-se combustível e vivemos num mundo cada vez mais de cada um por si.